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O pessoal chegou a Nápoles, no dia 6 de outubro de 1944. Atravessou o Atlântico no USS General Meigs, junto com o 3º Escalão da FEB, este sob o comando do General-de-Brigada Olympio Falconière da Cunha. A escolta do USS General Meigs foi feita pelos navios Rio Grande do Sul, Memphis, Trumpeteer e Cannon, o primeiro de nossa Marinha de Guerra e os três últimos americanos.

De Nápoles partiram ainda, por via marítima, para Livorno, instalando-se na Quinta Real de San Rossore, próximo a Pisa. Em San Giusto, Pisa, receberam os aviões, os Pipers ou L-4H, adaptados em versão militar. Eram pequenos monomotores de 65 HP de potência, asa alta, velocidade de 121 KPH e com a capacidade de carga útil de 180 kg. No dia 5 de novembro as equipagens iniciaram o vôo de adaptação no próprio campo de San Rossore, um hipódromo transformado em pista de pouso, sendo na ocasião os aviões batizados em cerimônia singela, como singela era aquela esquadrilha que estava engatinhando na frente de combate. Os nomes escolhidos foram os mais variados. Naturalmente cada piloto, junto com os companheiros observadores, puseram os nomes de sua preferência. Havia o Grupo Escola, Brasil, Bandeirante, Santa Therezinha, Timbiras, Ceará, Diogo Júnior e Luly. Nomes para todos os gostos. Em San Rossore começou a surgir o esprit de corps da 1ª ELO.

Operaram durante a campanha nos seguintes campos de pouso, pomposamente chamadas pelos componentes da Esquadrilha de "nossas Bases":
- 28.10.44 a 13.11.44 — Hipódromo de San Rossore (Pisa)
- 13.11.44 a 10.12.44 — San Giorgio (Pistóia)
- 10.12.44 a 18.03.45 — Suviana
- 18.03.45 a 27.04.45 — Porreta Terme (Pista de chapas de aço)
- 27.04.45 a 04.05.45 — Montecchio Emiglia (Montecchio)
- 04.05.45 a 09.05.45 — Piacenza
- 09.05.45 a 12.06.45 — Portalbera
- 12.06.45 a 16.06.45 — Bergamo.

Já nessa época, eram 10 os aviões, sendo o número 1 destinado ao Belloc e o número 2 ao João Torres Leite Soares. Apesar disso, ambos voavam suas missões na aeronave que estivesse disponível no momento. Os números e os nomes não importavam nem para eles nem para os oficiais da ELO. No final das operações, a 20 de junho, os 10 teco-tecos iniciaram o regresso voando em esquadrilha com um pernoite em Pisa: Em 21 pernoitaram em Roma, chegando a Nápoles no dia 22. Em Nápoles os pilotos deixaram seus pequenos pássaros para serem embarcados para o Brasil. Regressaram a Pisa, juntando-se definitivamente ao grosso do 1º Grupo de Caça. Voltaram às origens, estavam com a FAB outra vez.

A 1ª ELO executou a primeira missão de guerra no dia 12 de novembro de 1944, decolando de San Giorgio, Pistóia, tendo como tripulação o 1º Tenente Aviador João Torres Leite Soares e o observador, 1º Tenente do Exército Oswaldo Mescolin. O avião, um 1-4H-5. A última missão de guerra foi voada no dia 29 de abril de 1945, no 1-4H-6, pilotado pelo Aspirante Aviador Cornelio Lopes Cançado, tendo como observador o 2º Tenente Iônio Portela Ferreira Alves. Nessa data já estavam operando no campo de Portalbera, o último campo em que a Esquadrilha operou cumprindo missões de guerra.

Em 14 de junho de 1945 foi publicado no Boletim Interno nº 73-A da Artilharia Divisionária do Exército, em pleno Teatro de Operações, o seguinte texto:
"De acordo com a ordem verbal do Exmo. Sr. General-de-Divisão, Comandante da 1ª DIE, é extinta a Esquadrilha de Ligação e Observação. Em consequência, os oficiais aviadores e praças da Aeronáutica deverão se apresentar ao 1º Grupo de Aviação de Caça da FAB com sede na cidade de Pisa..."
O estranho nisso tudo é que a pequena Unidade foi criada por um Aviso do Ministro da Aeronáutica, em 20 dé julho de 1944, e extinta por um Boletim da Artilharia Divisionária do Exército! Mas como poderia o Exército extinguir, por um simples Boletim Interno, uma unidade da Aeronáutica? O jeitinho foi dado. Mais tarde tornaram a extinguir o extinto. O Aviso Ministerial nº 75, de 11 de outubro de 1945, assinado pelo Ministro Salgado Filho, ratificou o ato.

A 1ª ELO mereceu do Comandante da FEB, comandantes ingleses e americanos e do próprio General Cordeiro de Farias elogios pela sua atuação na frente da 1ª DIE. Tomou parte ativa em todas as principais ações da nossa FEB: Monte Castelo, Belvedere, Della Torracia, Montese, Montebufone, Montello, La Serra, Vignolle, exerceu vigilância eficiente sobre os rios Panaro e Serchio, rio Enza e região sul de Collecchio, quando a 148ª Divisão de Infantaria alemã, sob o comando do General Otto Fretter Pico, rendeu-se incondicionalmente ao 6º RI. O ato de rendição da Grande Unidade inimiga realizou-se em Fornoro di Taro, no dia 29 de abril de 1945.

Eis, em resumo, a história da unidade mirim, a 1ª ELO, essa desconhecida:


Item Quantidade
Horas voadas 2.388h15min
Horas voadas em missões de guerra 1.282h50min
Número de missões de guerra 684
Número de vôos 1.956
Número de aterragens 2.399
Regulações de tiro (AD brasileira e outros) 400
Número de dias operacionais 184

O texto acima foi adaptado do livro Senta a Pua, do Brig. Rui Moreira Lima.